quarta-feira, dezembro 26, 2018

ABANDONO

Que relato aqui?

Uma toalha de linho
com rosas vermelhas
debruadas

cobrindo a mesa posta
com gestos de alma
e o destino lento
da paixão pelas palavras.

Feita de música
e palavras,
tem no centro
um alabastro
queimando perfumes
a figos
muito aromáticos.

Por baixo o mar
e num dos topos
o desejo sensual
aos domingos do senhor.

No outro
o nascer ao sul
descobrindo audaz
o sol na alma.

Em frente
acastanhando o olhar
uma cor apaixonada

Em redor
as árvores altas
e os troncos velhos
vestidos de líquenes
refúgio cúmplice
da passarada.

É só apenas a ilusão
porque não há outro tempo

O tempo em que não haviam
ervas bravas.

Não fora este nevoeiro
correndo nas páginas
da alma entorpecida ...

teria feito ouvir a minha voz

(Sentemo-nos e sintamos
os cheiros que fazem
parte da memória e na mesa
aninhemos as nossas almas).

Mas sozinho comi!
Só,

só, só.