ABANDONO
Que relato aqui?
Uma toalha de linho
com rosas vermelhas
debruadas
cobrindo a mesa posta
com gestos de alma
e o destino lento
da paixão pelas palavras.
Feita de música
e palavras,
tem no centro
um alabastro
queimando perfumes
a figos
muito aromáticos.
Por baixo o mar
e num dos topos
o desejo sensual
aos domingos do senhor.
No outro
o nascer ao sul
descobrindo audaz
o sol na alma.
Em frente
acastanhando o olhar
uma cor apaixonada
Em redor
as árvores altas
e os troncos velhos
vestidos de líquenes
refúgio cúmplice
da passarada.
É só apenas a ilusão
porque não há outro tempo
O tempo em que não haviam
ervas bravas.
Não fora este nevoeiro
correndo nas páginas
da alma entorpecida ...
teria feito ouvir a minha voz
(Sentemo-nos e sintamos
os cheiros que fazem
parte da memória e na mesa
aninhemos as nossas almas).
Mas sozinho comi!
Só,
só, só.
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